sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Sempre Cláudia



Penso em um sorriso
Um insubmisso sorriso negro
Que teima em existir
Persistir

No seu olhar compenetrado
No frisar de sua testa
Um palavra
Resistência

Se foi pelos braços armados
Da farda opressora de pretos
Mas ainda insistir em inspirar
O nosso profundo respeito

domingo, 5 de novembro de 2017

Cansada mas feliz



Anciei por esse dia de sexta pós feriado
Não pelo mesmo motivo de sempre, que é aquele merecido descanso após uma semana de trabalho.
Anciei por mais trabalho, pois fiz do meu ofício lugar de fala, ação e luta.
Anciei sim, por mais esperança, sonhos e realizações.
Anciei por dança,  cor e identidade.
E depois desses anseios chego em casa cansada, tão exaurida que o corpo nem consegue descansar e a mente silenciar, porque esse dia me deu uma injeção de ânimo e me ensinou uma nova palavra: ESPERANÇAR.

Elissânia Oliveira

domingo, 26 de março de 2017

Tem algumas palavras que não precisa nascer pro mundo real
Que é melhor deixar escondidas na cabeça e no coração

Dandara...Mas podia ser Hérica, entre tantas

Ela desapareceu dia 15
Passou metade de um mês
Quem era? Não sabiam
Apareceu
Entre outros corpos identificados em sepulturas
Quem era? Ninguém sabia
Um vídeo surgiu
Era dia 03
Houve comoção
Como pode? Que tamanha crueldade!
O mundo soube
O mundo chorou
Quem era? Todos sabiam!
Poucos entendiam-na.
Poucos sentiram realmente sua falta



terça-feira, 7 de março de 2017

Deixa

Precisava que você entendesse
Que eu não precisava de cobranças
Precisava de sua compreensão 
Buscava outro Porto seguro
Queria ver ser rosto no final do dia
Eu me apeguei muito cedo
Eu deveria ter deixado na caixa das coisas irrealizáveis  
Mas saiba que acreditei quando você falou que era para sempre
E sinto muito que na nossa primeira turbulência tudo tenha ficado estranho e que me sinto tentada a voltar o meus olhos para o meu antigo Porto seguro.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Irei te ver

Essa loucura de pensar que a rotação da terra
Só tem sentido porque amanhã irei te ver

Imperativos

Vem!
Vem comigo!
Vem celebrar a vida!
Vem ser feliz!

Olha!
Olha pela janela!
Olha o nosso mundo!
Olha para mim!

Diz!
Diz mais um poema!
Diz que a vida é bela!
Diz que gosta de mim!

Detalhes de nós

Ah! A lembrança detalhada de nós 
Do seu beijo molhado 
E seu hálito de nicotina 
Das nossas conversas historiograficas
Sentados no sofá 

A rotina apertada 
E as noites desperdiçadas 
Aquelas trocas de olhares
Que pertence a nossa íntima entrega

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Surgimos

Eu surjo em você
Do seu beijo
Do seu cheiro 
Do seu toque

Eu surjo a cada palavra dita
A cada sonho
Em cada encontro
E em cada despedida

Eu surjo tão profunda e tão sua
Como um lento amanhecer
Que molda o dia
E me põe despida


Eu sinto

Que raiva eu sinto
De olhar aquele rosto
De conviver com aquela presença
Que nefasto presença

Que tristeza eu sinto
De perceber os seus ardiloso planos
De ver você destruir sonhos
Tantos sonhos perdidos

Que revolta eu sinto
De ver-me de mãos atadas
De me ver silenciada
Esse silêncio sufocante


Por um ponto final

A nossa distância me destrói 
Quando vamos nos encontrar? 
Temos que por um ponto! 

As pessoas passam e percebem
Eu não estou normal
Temos que por um ponto final! 

No trabalho todo mundo notou 
Que essa história nos afetou
Temos que por um ponto final

Até tomar Coca-Cola 
Não é mais algo banal
Temos que por um ponto final

Por que se assim não for
Vamos querer recomeços 
E talvez tudo se torne fatal