terça-feira, 14 de abril de 2020

Ele fala de amor e de sonhos

Cada folha que cai, cada noite que acaba, em cada amanhecer penso em você.
Durante o almoço e no fim do janta penso em você
Corrigindo provas, fazendo avaliações, em meio as leituras penso em você.

Da varanda

Os dias tem sido calmos e rápidos. Vejo o sol nascer e logo lá está ele dando adeus em mais um dia de distanciamento social, onde assisto tudo de minha varanda. Os carros passam, os cachorros latem e os gatos de rua parecem tranquilos. E eu fico pensando comigo que louco uma pandemia! E me posto reflexiva diante das novidades da calmaria-rapidez da vida que passa da minha varanda. Será que as coisas voltam? E como voltam? Será que serei a mesma? Será que é urgente as coisas que eu queria e que agora está suspensa? Muitas perguntas em um momento que minha vida se restringe praticamente dentro das paredes do meu apartamento. Durmo tarde, estudo e escrevo, home office, será que esse tipo de trabalho se aplica a mim? Penso em quem não pode fazer isso? me distraio mais uma vez. Nossa, tem gente que não come e uma vez eu li "quem não come, some"...deve ser por isso que pode morrer se for para a economia não parar. Mas não para para quem morre?

Elissânia Oliveira

Sobre a vida em isolamento

Se alguém anos atrás, poderia ser até ano passado, me dissesse que iríamos atravessar uma pandemia de alcance mundial certamente diria que era loucura. Isso só de pensar na pandemia, porque a gente não pensa nas consequências e impactos disso nas várias formas de vivenciar o mundo e as relações sociais.
Estamos reinventando o cotidiano. Às formas de sentir, de se relacionar, de comer, de dormir, de morar e de trabalhar. E o turbilhão de sentimentos e sensações que isso traz. 
Há duas semanas deixei de sair para trabalhar e passei a trabalhar em casa, que significa transformar minha casa, meu porto seguro, lugar onde me desestresso em lugar de ânsia e cobrança.
Há duas semanas, que meu celular, minhas redes sociais e email se transformou em ferramentas de trabalho. A Internet antes necessária se transformou em algo indispensável.
Há duas semanas, penso em como ser um boa professora. Imaginar estratégias e métodos em EaD. Me redescobrir como professora e também imaginar se os estudantes estão bem. Eles tem acesso a net? Como estão vivendo? Será que estão em isolamento? Estão estressados? Ser juventude é tão complexo.
E agora estou escrevendo um desabafo após saber que terei que fazer vídeos conferências e vídeo aulas, chamando as pessoas do meu trabalho para dentro da minha casa, para o meu universo particular. As relações se estreitam. Será que estou preparada? Não sei...mas continuamos que o mundo tá freando, mas não tá parado

Isolamento e seus sinônimos

Isolamento, teu sinônimo é saudade. Saudade da casa da mãe e do peixinho do domingo. Saudade dos aulas e dos alunos reclamando perguntando porque eu não faltei. Saudade da minha casa refúgio e não home office. Saudade das quintas feiras na casa da melhor amiga. Saudade das sextas feiras no bar do seu neném com os amigos do bairro. Saudade das reuniões do sábado e de planejar "fogo nos racistas", que pena que nunca pomos esse em prática. Saudades de um cotidiano agitado e cheio.

Isolamento, teu sinônimo é arte. Arte que salva-me do tédio. Agora fico aqui com paredes, músicas, livros e o toque cotidiano do celular, debruçada sobre o computador e mil e uma noias na cabeça. 

Isolamento, teu sinônimo é preocupação. preocupação com quem não tem o que comer, com quem precisa sair para trabalhar, com quem não pode para, pois vidas dependem de suas vidas.

Isolamento, teu sinônimo também é necropolítica. Que escolhe quem vive e quem morre. Quem serve é quem não serve. Quem é de berço e quem não é de berço. E assim a política, a economia e a desigualdade social recolhe os mortos dessa pandemia e eu percebo quanto dos meus estão perecendo dia a dia.

Elissânia Oliveira

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Eu Lírico e a Pseudoliberdade

O meu Eu lirico...nunca soube...nunca me ensinaram. A rotina é mais dura que isso. Pessoas de verdade...deixam a poesia para depois. Para quando a vida está mais amena quando a alma não é mais pequena. E o preço do feijão? Quanto tá o feijão? Será que tem dinheiro para o fim do mês? O patrão já disse...o governo permitiu! Férias adiantadas...salários? Não! O governo já disse é só uma gripe... Não mata não...Só se você tiver uma doença anterior...mas aí não é culpa do vírus! É culpa de quem? Tem que buscar culpados ou soluções? 
Ai como eu queria um Eu lírico agora. Um Eu lírico que fosse capaz de suspender a verdades escabrosas e será que é para isso que o Eu lírico serve? Já disse não me ensinaram isso! Nem pseudônimos e nem um tantão coisas de outros pseudos...Mas ando...ando por aí...e os encontro como a dona pseudoliberdade. Essa me ensinou. Me ensina. E acho que sempre ensinará...sabe o que? Ilusões! Ilusões e utopias de liberdade e igualdade. É isso que o Eu lírico...aquele que não aprendi me diz. Ele vai baixinho, aqui no meu pé de ouvido e diz baixinho: "Vai passarinho, finge que é poetisa e canta lá no mundo. Diz que a alma tem muiteza e que um dia. Ah! Uma dia. Tudo será melhor!."

Elissânia Oliveira